Apesar
do processo de globalização os habitantes do município de São José dos Quatro
Marcos formam uma vasta diversidade cultural. Esta manifestação provém de
pessoas determinadas, oriundas dos estados brasileiros, com uma soma de
conhecimentos, costumes, crenças, hábitos, moral, e que acreditaram e acreditam
neste chão e em sua vida nova.
Essa
região compreendia o território de Vila Bela da Santíssima Trindade, nos tempos
da capitania de Mato Grosso. Aqui habitavam os índios Bororo Cabaçais,
denominação dada pelos Bandeirantes.
Para
compreender o processo da expansão civilizatória na região Centro-Oeste é
preciso saber que isso ocorreu devido a criação da Marcha para o Oeste, programa
de colonização criado no primeiro mandato de presidente Getúlio Vargas (1934 –
1945) e implementado a partir de 1937.
Mas a
colonização efetiva da região Sudoeste de Mato Grosso pode ser considerada um
desmembramento da Marcha para o Oeste, a partir de 1960, visto que o governo do
Estado, de certa forma puxou para si a responsabilidade de divulgar o Estado
como celeiro de riquezas a ser conquistado.
Fernando
Corrêa da Costa, então governador, (1961 – 1966), teve um discurso de
chamamento dos paulistas para desbravar Mato Grosso, publicado no jornal O Estado de Mato Grosso, (1963), por
ocasião de estar recebendo um título de Cidadão Paulistano.
(...). Nós aguardamos os dias de hoje e estamos felizes por esta quase
obstinação, porque hoje nós já sentimos que os paulistas vão pular o Rio
Paraná, com a sua experiência, com o seu patriotismo, com o seu dinheiro, com o
seu poder econômico, que sem isso não há civilização possível. E lá nós
estamos, paulistas, e digo em nome de todos os matogrossenses, e hoje
paulistano também, aguardando de braços abertos a ajuda de vocês. Venham nos
ajudar a desbravar a maior gleba preparada para receber uma civilização
pujante, que é Mato Grosso. Venham povoar o pantanal, que é a maior reserva
criatória de gado do mundo. Venham plantar nas nossas florestas. Venham trazer
a Sorocabana até Dourados. Venham explorar, para riqueza vossa e nosso
conforto, aquela mata de mais de um milhão de hectares de terras de primeira
ordem, de terra roxa, igual à do Norte do Paraná, pois que a terra de Dourados
não é mais que a continuação da terra do Norte do Paraná (...) venham para
Cuiabá, e vamos conquistar a Amazônia através do Mato Grosso.
Confesso-me sumamente honrado. Agradeço, comovidamente, a homenagem que
recebi nesta Casa e que levarei para todos os matogrossenses. Repito o meu
apelo: venham, paulistas, ajudar no desenvolvimento de Mato Grosso.
(O Estado de Mato Grosso, 24/02/63, n°
4.236, p. 01).
O
movimento colonizador teve início a partir de 1946, pela Comissão de Planejamentos
de Produção (CPP), que agiram assessorando os empreendimentos de ocupação de
terras na região de Cáceres. Mas o desbravamento efetivo da região Sudoeste,
como já foi citado, só se deu a partir de 1960. Em 1962, o senhor Zeferino José
de Matos negocia uma área de terras em Mato Groso, nas proximidades do
município de São Luís de Cáceres, Mato Grosso.
Em
1964, o regime autoritário militar é implantado no Brasil. O governo visa uma
política agrária voltada para a colonização de novas terras. O presidente
general Castelo Branco promulga a lei nº 4504 de 30 de novembro de 1964,
centrada no Estatuto da Terra, caracterizando a dinamização e incentivos
fiscais à colonização da fronteira sul da Amazônia. Em seu artigo primeiro, diz
que: “esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis
rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política
Agrícola”.
É
criado a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), abrangendo o
estado de Mato Grosso. E a região é chamada de Portal da Amazônia. A SUDAM veio
em substituição à Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia
(SPVEA), autarquia criada pelo presidente Getúlio Vargas, em 1953, que tinha
também por finalidade o desenvolvimento da região amazônica. A enciclopédia
livre Wikipédia explana sobre as leis de criação da SUDAM:
“Em 14 de setembro de 1966, o Grupo de Trabalho da Amazônia, encaminhou
ao presidente Castelo Branco, o projeto de lei votado pelo Congresso Nacional,
que resultou na Lei nº 5.173, de 27 de outubro de 1966, extinguindo a SPVEA e
criando a SUDAM, com outros mecanismos para agilizar a sua atuação e um
estrutura diferenciada. Em 27 de outubro de 1966, o Presidente Castelo Branco sancionou
a Lei nº 5.174, dispondo sobre a concessão de incentivos fiscais em favor da
Região Amazônica. A Lei nº 5.174 era marcada pela liberalidade que conferia as
pessoas jurídicas. Além da isenção de impostos de renda, taxas federais,
atividades industriais, agrícolas, pecuárias e de serviços básicos, dava
isenção de impostos e taxas para importação de máquinas e equipamentos, bem
como para bens doados por entidades estrangeiras”.
A
partir de 1960 intensifica-se o processo migratório para a região Sudoeste de
Mato Grosso, sob a influência da forte propaganda de colonização dos governos
Federal e Estadual. No início dessa mesma década é construída a ponte Marechal
Rondon, sobre o rio Paraguai, favorecendo a travessia e a expansão agrícola,
uma vez que isso só se podia fazer por balsa. Essa ponte se transformou no
marco do desenvolvimento da região sudoestina de Mato Grosso.
Vista aérea da ponte Marechal Rondon, em Cáceres |
No período de 1964 a 1984, homens trabalhadores destemidos fizeram o
processo migratório, acreditando em uma nova vida nas futuras terras de São
José.