segunda-feira, 30 de outubro de 2017

As quedas bruscas da economia do município até meados de 1990

         Durante o processo de emancipação política e administrativa de São José dos Quatro Marcos, o município teve como fonte econômica na sua base de desenvolvimento, o setor primário; especificamente a lavoura de café, devido a boa qualidade do solo, cultivado em sua maioria por pequenos proprietários.
         Esses pequenos proprietários surgiram em decorrência da grande produção cafeeira, e, posteriormente, incentivados pelo primeiro prefeito eleito pelo voto direto do povo, Durvalino Peruchi e pelo padre Georges Martin, que na época apoiaram os agricultores no plantio desse produto em grande escala, levando o município ao auge dos grandes negócios.
Cafezal no sítio do senhor Pedro Evangelista em 1999
         A agricultura cafeeira, implantada desde a formação do município, por volta de 1970, propiciou a obtenção de altos lucros por parte dos produtores, transformando a região numa área de atrativos populacional, proporcionando seu desenvolvimento socioeconômico, tanto no campo quanto na cidade, até meados da década de 1980.
         De acordo com o primeiro prefeito Antônio Alvarez, nomeado pelo governador, São José dos Quatro Marcos chegou a ser o terceiro município em arrecadação, estando à frente de Cáceres, município polo da região. A partir de meados da década de 1980, começou o êxodo rural e urbano no município, devido a decadência do cultivo do café.
         Os motivos que levaram à crise no campo, segundo o então secretário de Agricultura João Antônio Tosti e o prefeito da época, Antônio de Andrade Junqueira, foram vários, sobressaindo a desvalorização do preço do café no mercado. Também a constante redução nas produções agrícolas, devido ao modo de agricultura praticado sem preocupação com a lixiviação do solo, usando tão somente os fertilizantes para restauração, foi outro motivo grave. E, por fim, a redução dos índices pluviométricos, dentre outros fatores essenciais para a manutenção das culturas agrícolas, como nos anos de outrora.
         No município havia café por todo canto dando frutos. E eram tantos que a população não falava em outro assunto, surgindo até uma cooperativa dos cafeicultores. Mas com a crise, a alternativa dos produtores foi substituir as lavouras de café por pastagens ou por plantações de algodão. E os pés de café foram sendo arrancados, cortados, para dar espaço ao que acreditavam ser mais rentável naquela época.

Frigorífico foi construído no município em 1987
         O gado de corte foi ganhando espaço e sendo comercializado no frigorífico instalado a poucos anos no município. As lavouras de algodão passaram a ser o ouro branco, com a instalação de três algodoeiras (Teka, 4M e Centro-Oeste) no ano de 1991, que comprava toda a produção, fazia o descaroçamento e transportava o produto até o mercado industrial dos estados de São Paulo e Goiás.
         Alguns anos mais tarde surgiu a praga do bicudo, que atacou as plantações de algodão, devastando-as por vários anos seguidos. O uso de inseticidas e agrotóxicos era uma saída para salvar as lavouras, porém, eram produtos de custo elevado, e não era viável para os pequenos produtores manterem as lavouras algodoeiras. Em decorrência desse custo, aliado ao valor pago pela mão-de-obra, mais o transporte, produzir algodão já não era um bom negócio.
Algodão na comunidade da Salvação - Família Uliana
         Outro fator que desencorajava os pequenos produtores eram os empréstimos bancários, que geralmente só beneficiavam os grandes produtores, e, por consequência, não facilitava aos pequenos a aquisição de sementes e insumos agrícolas de boa qualidade. As empresas locais ofereciam sementes de algodão de má qualidade, o que começou a ocasionar uma baixa e muito prejuízo na produção.
         Mais uma vez ocorriam mudanças bruscas no campo e as lavouras de algodão foram sendo substituídas por pastagens com a criação do gado leiteiro, incentivado por pecuaristas que já tinham introduzido o criatório nas suas terras. E pela presença de um laticínio recém instalado no município.
Laticínio se instalou no município na década de 1990
         As algodoeiras faliram por volta de 1994, abalando a economia do município. A inadimplência com os produtores obrigou até mesmo os grandes produtores a desistirem do plantio de algodão e se aventurarem na pecuária leiteira.

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