quinta-feira, 26 de julho de 2018

O sonho de ver nascer São José do Paraíso

         O jornalista Luiz Carlos Bordin estava no início de sua carreira quando o pioneiro José Rosa Paes, Manoel Paulino, Zeferino José de Matos e Antônio Alvarez foram entrevistados para um especial sobre o município de São José dos Quatro Marcos que seria publicado na edição nº 01 do jornal local Voz Popular, que circularia no dia 15 de junho de 1991, em comemoração ao 24º aniversário de Fundação do Município.
         Foi no ano de 1964 que desembarcou no meio da mata virgem o senhor José Rosa Paes, 45 anos de idade, com toda a sua família, para fixar residência e trabalhar a terra na área que na época tinha o nome de Gleba Mirassol. Casado com Cinércia Lopes de Campos, veio com a determinação de aqui ficar e criar seus filhos.
         Chegando a Mirassol D´Oeste foi aconselhado que ali é que deveria estabelecer-se, visto que logo adiante, na Gleba Mirassol, só havia mato. José Rosa Paes não esmoreceu e posteriormente, com a informação dada por seu irmão Júlio Paes Landim, auxiliar do engenheiro Nelson Clementino, que fazia a medição e estabelecia os lotes, de que a terra era farta e fértil, encheu um tambor de 200 litros de água e seguiu em frente.
         Seis homens equipados de foice e machado abriram um carreador para passagem do caminhão com sua mudança. Chegando no local escolhido e necessitando de água, José Rosa Paes abriu o primeiro poço e construiu sua residência que ficavam na área de propriedade de Miguel Barbosa do Nascimento, para o qual trabalhava e começou a derrubada da mata para a formação da roça que garantiria o sustento de sua família.
Primeira casa construída por José Rosa Paes na Gleba Mirassol
         Em pouco tempo outras famílias já haviam se estabelecido nas imediações e tornou-se imprescindível a preocupação com a educação dos filhos. Então formaram uma comissão e foram a Cáceres, sede do município, pedir ajuda das autoridades que exigiram a construção de uma escola e a matrícula de no mínimo 25 crianças.
         Carregando madeira nos ombros, iniciaram a construção da escola, cobrindo-a com tábuas. Participaram dessa empreitada José Rosa Paes, Waldemar Carvalho e Gerônimo Marangão, contando ainda com a colaboração de muitos outros moradores e proprietários de terra.
         No meio a esse trabalho todo e com a falta de um “bolicho” para fazerem suas compras, os homens envolvidos na construção da escola começaram a antever o nascimento de uma vila e começaram a indagar qual seria o nome que melhor se adequaria. Então José Rosa Paes e Jerônimo Marangão chegaram a um acordo: São José do Paraíso. O nome do santo São José era devido ao nome de José Rosa. E Paraíso porque Marangão queria homenagear a exuberância e fertilidade do local.
         Mas outra necessidade se fazia premente. Deformação católica e devotos de São José, os moradores começaram a construir a primeira capela da região e que teve como altar um toco de árvore “garapeira”. Antes, porém, receberam a visita do padre Amadeus, que além de rezar a primeira missa fez os primeiros batizados e casamentos dos pioneiros. Foram batizados Arlindo Mazete de Carvalho e Izabel e casaram-se Arquimedes e Dona Helena.
         Em seguida, José Rosa Paes vai a Cáceres e pede ao pároco que inaugure a igreja recém-construída pela comunidade. Padre Elias vem e fica fascinado pela organização e beleza da obra coberta de telhas francesas, cobertura essa que era uma raridade na região.
         Com a sugestão de Padre Elias, já que à época havia se propagado o nome o nome de Quatro Marcos, ponto de referência dos limites das áreas de terras de propriedade de Miguel Barbosa do Nascimento, Luiz Barbosa e Zeferino José de Matos ficou estabelecido o nome de São José dos Quatro Marcos. Apesar do lugar ter um nome apenas como comunidade religiosa, o sonho de se ter uma cidade já vinha sendo cogitado por Zeferino José de Matos.
José Rosa Paes e a esposa Cinércia Lopes de Campos

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